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terça-feira, 24 de julho de 2012

Iracema

" Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido. De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu.



José de Alencar.


sábado, 14 de julho de 2012

Bordado em Crivo


Em meu aniversário, minha madrinha me deu uma toalha de rosto branca, bordada em crivo e com uma barra de crochê.
No primeiro momento que vi, achei que fosse só crochê, que a barra que tinha no meio da toalha também fosse de crochê, quando percebi que não era, não me ressaltei em perguntar como tinha sido feito aquele trabalhado, e minha madrinha respondeu: "esse bordado foi feito em crivo".

A toalha é simplesmente maravilhosa, fiquei encantada, pois nunca tinha visto o bordado em crivo, só ouvi falar, algumas poucas vezes, entre as minhas tias quando contam causos dos bordados feitos antigamente.

Minha toalha, linda! Amei!
E quem fez essa dinvidade?
Não podia ser de fora da família, é claro.
Foi minha prima Dôra, que é irmã de minha madrinha que também faz vários trabalhos lindos, mas em tricô.
Assim dá para ver como a minha família é prendada, todas fazem trabalhos manuais e cada uma um ponto diferente, mas todos lindos!

Minha tia Eunice já relatou no blog dela Bordados e bolinhos os trabalhos manuais de nossa família. Trabalhos lindos que estão sendo transmitidos de geração em geração.

Bom, como não conhecia o crivo, fiz uma pesquisa rápida na internet sobre o mesmo, e vejam o que eu encontrei:
"As pioneiras investigações foram no sentido de produzir bordados com linha branca sobre fundos claros e em tecidos leves e transparentes, como tule e musselina. Em seguida, criaram a técnica de cortar certos espaços vazios do tecido entre os motivos bordados, vazando-se áreas estratégicas ao redor deste. Os italianos batizaram essa invenção de punto tagliato, os franceses de point coupé, ou seja, ponto cortado.
Estava, nesse momento, dado o primeiro passo à criação da renda, e nascia também o que tempos depois ficou conhecido como a técnica para a produção do richelieu.

Após o ponto cortado, as experimentações dos artesãos continuaram e criaram o que foi chamado pelos italianos de fili tirani, e pelos franceses de fils tires, ou fios puxados. Esse processo consistia em retirar do tecido alguns fios, conservando apenas os necessários para estruturar e interligar os pontos e os motivos bordados. Esta técnica específica do desfio deu origem a um tipo especial de renda, conhecida no Brasil como crivo ou labirinto.

A esse bordado cortado e agora feito sobre tecidos propositalmente desfiados, os artesãos acrescentaram pequenas barras serrilhadas ao seu redor, para dar-lhe acabamento lateral e mais sustentação. Sem o fundo de tecido e com a barra ao redor o bordado já poderia ser considerado, praticamente, uma peça de renda.

Para estes novos pontos foram criados inúmeros desenhos de padrões para serem produzidos em diferentes modelos. Estes padrões popularizaram-se através dos livros de padrões, desenvolvidos e editados na Itália durante todo o século XVI."
Fonte: NÓBREGA, 2005, op. cit.


Esses trabalhos abaixo retirei na internet, são inspiradores!